Smurfit WestRock deve avaliar novas aquisições
Segundo o presidente da empresa no Brasil, Manuel Alcalá, a companhia “continuará com apetite no futuro”
O novo player global de embalagens, a Smurfit WestRock – resultante da combinação da irlandesa Smurfit Kappa e a americana WestRock – foi formalmente criada nesta semana, se tornando a maior produtora global de embalagens. No Brasil, ambas as empresas possuíam operações antes da combinação e, a partir de agora, a nova gigante do setor deve mirar futuras aquisições.
“A história de 90 anos da Smurfit Kappa é uma trajetória de crescimento por aquisições. A empresa continuará com apetite no futuro”, afirmou o presidente da Smurfit WestRock no Brasil, Manuel Alcalá. “Queremos crescer, mas ‘market share’ não é o que nos move. O foco é margem”, completou o executivo.
A Smurfit Kappa chegou ao país em 2016, por meio de uma dupla aquisição, das empresas Inspa e Paema, por € 186 milhões. Em 2022, a companhia também adquiriu a Paper Box, no Rio de Janeiro, e a Argencraft, na Argentina. Nesse sentido, a Smurfit WestRock deve buscar complementação geográfica e de portfólio, bem como de serviços e de produtos, como foi o caso da combinação.
OPERAÇÃO BRASILEIRA E ATIVOS GLOBAIS
A Smurfit WestRock começa sua operação na vice-liderança do mercado brasileiro de caixas de papelão ondulado, com participação de 15%, encurtando a distância da líder Klabin, que possui 24%. Contudo, a Klabin ainda deve crescer, tendo em vista o recente start-up do Projeto Figueira, sua fábrica de papelão ondulado em Piracicaba (SP)
Presente em seis estados – Ceará, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul –, a Smurfit WestRock possui 10 unidades de conversão, quatro fábricas de papel reciclado, duas máquinas de papel kraft e 55 mil hectares de florestas no país, além de 5 mil funcionários.
Apesar de não revelar receitas e sinergias estimadas na operação local, globalmente, a companhia tem vendas líquidas estimadas de US$ 32 bilhões. A combinação ainda deve gerar economias antes de impostos de mais de US$ 400 milhões ao fim do primeiro ano. Os ativos incluem 63 fábricas de papel e mais de 500 unidades de conversão em 40 países.
“A Smurfit vinha olhando muitas oportunidades e a WestRock sempre foi admirada. As duas empresas realmente se complementam, com sinergias em diferentes áreas e pouca sobreposição de clientes e portfólio”, comentou Alcalá.
INTEGRAÇÃO
De acordo com o presidente da companhia, durante cinco meses 14 equipes trabalharam para desenhar o plano de integração dos negócios, que deve iniciar sua execução com objetivo de otimizar a operação industrial e logística. O executivo indica ainda que o processo não deve ser complexo, tendo em vista que a cultura das empresas já era similar.
Conforme Alcalá, a companhia seguirá priorizando o uso de papel reciclado em seus produtos e vai integrar o papel kraft produzido pela WestRock “quando for estritamente necessário”, de forma gradual – a americana tem produção excedente de papel no país.
Para o executivo, o momento é oportuno para o negócio, em razão da busca acelerada por soluções mais sustentáveis em embalagens e da perspectiva positiva de demanda. “As duas empresas têm a sustentabilidade em sua estratégia. A operação veio no momento certo”, observou.
Jairo Lorenzatto, que esteve a frente da WestRock no Brasil e na América Latina, ficou à frente da Smurfit Westrock na região latino-americana, onde tem 55 operações. “Há uma aposta muito segura e sólida na região”, finalizou.