Setor de papelão ondulado e embalagens volta a elevar projeção de crescimento para 2024
Com forte avanço no primeiro semestre, estimativas de produção anual são revisadas novamente para cima, impulsionadas pelo aumento da renda familiar e consumo de bens não duráveis
A elevação do crescimento da economia brasileira impulsionou a produção de embalagens e papelão ondulado no primeiro semestre de 2024, um período tradicionalmente mais fraco para esses setores. O desempenho acima do esperado resultou em uma nova revisão para cima das projeções de crescimento anual em ambos os segmentos, reforçando uma tendência de alta que já havia sido ajustada anteriormente ao longo do ano.
Conforme o Índice Brasileiro de Papelão Ondulado (IBPO), elaborado pela Associação Brasileira de Embalagens em Papel (Empapel), as expedições registraram um aumento de 4,5% nos primeiros seis meses do ano, em comparação ao mesmo período de 2023, totalizando mais de dois milhões de toneladas.
“O primeiro semestre foi muito bom e surpreendeu muita gente”, afirmou José Carlos da Fonseca, presidente da Empapel. Ele destacou que o crescimento da renda familiar, impulsionado pelos programas de transferência de renda, desempenhou um papel importante no aumento do consumo de bens não duráveis, como alimentos, o que se reflete diretamente no setor de embalagens.
A expectativa para a segunda metade de 2024 também é otimista, uma vez que esse período historicamente apresenta um desempenho melhor, devido a sazonalidades como Black Friday, Natal e Ano Novo. Em agosto, o IBPO indicou um avanço de 2,2% em relação ao mesmo mês do ano anterior, alcançando 167,6 pontos. O volume de expedições de caixas, acessórios e chapas foi de 376 mil toneladas, o maior registrado desde o início da série histórica, em 2005.
Diante desses resultados, a projeção de crescimento para o papel ondulado foi elevada novamente, de 4,8% para 5,2%, consolidando um cenário moderado de otimismo para o restante do ano.
O setor de embalagens também acompanhou esse movimento de alta. A produção física de embalagens no Brasil aumentou 2,7% no primeiro trimestre e 4,1% no segundo, conforme levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre) para a Associação Brasileira de Embalagem (Abre). Com isso, a projeção de crescimento médio da produção anual foi ajustada de 1,4% para 3,8%.
Por outro lado, Fonseca alertou para a influência de fatores que podem impactar a renda das famílias, como o crescimento das apostas digitais, que têm ganhado destaque entre as classes de renda mais baixa. Um estudo da Strategy&, consultoria da PwC, estimou que esse mercado movimentou entre R$ 60 bilhões e R$ 100 bilhões em 2023, com projeções de atingir até R$ 130 bilhões em 2024.