Setor de embalagens faz projeções para 2024
Segundo estimativas da indústria, as expedições de papelão ondulado devem crescer 1,6% no próximo ano

De acordo com estimativas da indústria, as expedições de papelão ondulado devem crescer 1,6% em 2024, considerando uma alta de 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Para este ano, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas, a previsão é de que sejam expedidas 4 milhões de toneladas de caixas, chapas e acessórios – pouco acima do volume registrado no ano anterior.
“O PIB segue sendo revisado para cima, mas puxado sobretudo pelo setor de serviços, que segue resiliente e não é a grande locomotiva das expedições de papelão. O comércio está relativamente fraco e a indústria enfrenta seus desafios”, ponderou José Carlos da Fonseca Junior, presidente-executivo da Empapel.
O Boletim Estatístico Mensal da Empapel, o Índice Brasileiro de Papelão Ondulado (IBPO), apontou que depois de registrar alta de 0,6% no primeiro semestre de 2023, para 1,94 milhão de toneladas – beneficiadas pelos primeiros três meses do ano – as expedições perderam força e, entre os meses de julho e setembro, caiu 2% na comparação anual. No mês de setembro, as expedições tiveram queda de 2,4%, para 344,9 mil toneladas.
Segundo Fonseca Junior, apesar da fraqueza de setores que usam esse tipo de embalagem e da pressão do endividamento das famílias brasileiras sobre o consumo, a demanda de papelão tem encontrado suporte no setor de bens não duráveis, no avanço do comércio eletrônico e na crescente busca por materiais mais sustentáveis.
PESQUISA
Por meio de uma pesquisa realizada a pedido da Two Sides, organização sem fins lucrativos voltada para o setor de papel, celulose e de base florestal, foi constatado que, após a pandemia de Covid-19, papel, embalagens de papel e comunicação impressa voltaram a ganhar espaço na preferência do consumidor. Intitulada “Trend Tracker Survey 2023”, o estudo apontou para diferentes fatores que contribuíram para essa mudança, desde a percepção de que embalagens em papel são melhores para o meio ambiente à preocupação com o uso excessivo de dispositivos eletrônicos.
“Os consumidores estão mais conscientes da importância de se utilizar materiais que sejam biodegradáveis, recicláveis e que tenham menor impacto sobre o meio ambiente”, disse Fábio Mortara, presidente da Two Sides Brasil e América Latina.
A pesquisa foi realizada pela Toluna, em 16 países e ouviu mil pessoas no Brasil. De acordo com o levantamento, entre os brasileiros, 72% das pessoas consideram papel um produto biodegradável; outros 63% o consideram mais barato; 58% melhor para o meio ambiente; 57% mais leve e 53% mais fácil de reciclar.
Quando questionados a preferência do papel em relação aos diferentes materiais, considerando 15 atributos ambientais, o papel foi apontado como preferido em dez aspectos, liderando o ranking na comparação com vidro, metal e plástico.
PROJEÇÕES DE PREÇOS
No âmbito dos preços, a indústria de embalagens de papelão no país acredita que o próximo ano será ano de reposição da inflação e de eventuais aumentos de custo, sem ganho real. Já em relação à correção sofrida pelo setor de aparas de papel – principal matéria-prima para o papelão ondulado – a leitura é de que os preços voltaram a patamares adequados após um período de forte valorização ocorrido durante a pandemia, pois com a ruptura na cadeia de coleta de caixas para reciclagem, houve escassez de aparas no mercado.
Para 2024, a expectativa é de estabilidade também para os preços de papéis para embalagens. Contudo, novos movimentos de consolidação no setor ainda podem acontecer, já que a indústria de embalagens de papel segue dinâmica, investindo em novas capacidades e modernização.