Produção de embalagens apresenta queda de 4,5% em 2022
Segundo dados do IBRE/FGC, o desempenho do setor ficou abaixo do esperado pela indústria, considerando todos os materiais

Segundo dados de um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV), para a Associação Brasileira de Embalagem (Abre), a produção de embalagens recuou 4,5% em 2022 – considerando diversos tipos de materiais. O desempenho registrado ficou abaixo da expectativa da indústria e, considerando o melhor dos cenários para 2023, pode finalizar o ano no zero a zero.
O estudo indica, ainda, que após um primeiro trimestre fraco no último ano (com recuo de 2%), o setor ensaiou uma recuperação entre o segundo e terceiro trimestre (com crescimento de 4,8% e 1,3%, respectivamente), mas acabou sendo frustrado por uma queda mais brusca no último trimestre do ano – de 3,3%. O resultado marca o segundo ano consecutivo de queda na produção de embalagens.
“Esperávamos um número negativo, mas não tão negativo. Isso reflete a desaceleração da economia vista no decorrer do ano”, explicou o presidente do conselho da Abre, Marcos Barros.
Conforme avalia Barros, a polarização política durante as eleições nacionais afetou negativamente a confiança e freou o consumo, consequentemente atingindo o setor de embalagens.
Já no lado da indústria, com a desaceleração do consumo, os clientes recorreram aos próprios estoques – reforçados no início do ano, após falta de embalagens durante período crítico da pandemia – e deixaram de apresentar novos pedidos.
Embora o volume tenha caído, o valor bruto da produção brasileira de embalagens cresceu 3,9% no ano passado, para R$ 123,2 bilhões, impulsionado pelo repasse da alta de custos.
“A indústria de embalagem sempre fica para trás no repasse de aumento de custos aos preços, mas conseguiu se recuperar”, afirmou Barros. Além disso, os dados apontam que houve leve desaceleração dos preços dos principais insumos entre julho de 2022 e janeiro deste ano.
No início de 2023, de acordo com Marcos, o setor permaneceu fraco. Contudo, a expectativa é positiva para o segundo semestre, quando é sazonalmente mais forte, com grandes eventos como Black Friday e Natal.
Desse modo, no acumulado do ano, espera-se um desempenho fraco para o setor de embalagens, acompanhando a evolução do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo o estudo, com uma expansão mínima do PIB anual, de 0,3%, a produção de embalagens pode fechar o ano com queda de 0,8% – considerando-se um intervalo estimado que vai de -1,6% a zero.
“O sentimento é que o segundo semestre tende a ser um pouco melhor, mas é difícil calibrar quanto”, ponderou o presidente do conselho da Abre.