Presidente da Klabin, Horácio Lafer Piva, aponta falta de educação como principal obstáculo ao crescimento do Brasil
Em evento do Itaú BBA, Piva criticou a classe política e destacou a importância da educação e da sustentabilidade para o futuro econômico do país

Durante o evento Macro Vision, promovido pelo Itaú BBA, Horácio Lafer Piva, presidente da Klabin, destacou que a fragilidade fiscal, frequentemente apontada como um dos principais obstáculos ao crescimento sustentável do Brasil, é apenas um dos entraves para o futuro do país. Segundo ele, o problema central está na educação e suas consequências políticas.
“O problema principal é a falta de educação no sentido mais puro, o que nos leva para um problema brutal: as eleições. No Brasil, temos uma classe política que deixa muito a desejar, salvo raras exceções”, afirmou Lafer Piva. “A soma do nosso pouco caso com o descompromisso dos representantes tem sido mortal nesse país”, acrescentou o empresário.
Essas declarações surgiram em resposta a uma pergunta de Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú, sobre os desafios que as empresas brasileiras enfrentam para crescer e se internacionalizar.
No mesmo painel, David Feffer, presidente da Suzano, reforçou a importância da educação, citando o exemplo de países asiáticos, como Cingapura e China, que basearam o desenvolvimento de suas economias na educação ao longo das últimas quatro décadas. “Hoje, nós somos esse rabo de lambari e eles são cabeça de baleia. Não dá para esperar. Educação pode e será transformacional. Todos nós que estamos no evento somos líderes. Temos de fazer um trabalho para melhorar a qualidade da educação no Brasil”, afirmou Feffer.
Além de destacar a importância da educação, Lafer Piva mencionou suas iniciativas, em parceria com Walter Schalka, ex-CEO da Suzano, para levar a Brasília temas que consideram essenciais para o futuro do país. Entre os principais tópicos estão o mercado de carbono e iniciativas relacionadas à sustentabilidade. Ambos fazem parte de um grupo de empresários e executivos que têm trabalhado pela aprovação do Projeto de Lei que cria o mercado regulado de carbono.
“Somos uma sociedade em que tudo termina em palanque, não em resultado. É preciso levar para a classe política a preocupação com aquilo que de fato deve ser”, lamentou Piva.
Apesar das críticas, o empresário adotou um tom otimista ao final de sua fala, ressaltando que superar esses desafios é “possível e provável”. Para ele, o Brasil deve concentrar esforços no desenvolvimento de empresas de médio porte, especialmente nos setores em que o país é competitivo, como a agroindústria. “Não vamos fazer chip, navio, toda essa patacoada. Mas podemos olhar para a agroindústria e para a agricultura. O Brasil tem um mercado consumidor invejável. Temos uma área de sol e de clima que nos permite um monte de ganhos. Mas precisamos cobrar mais e fugir da recorrência da vida brasileira, que é a dinâmica do curto prazo”, concluiu o executivo.