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Portugal avança na descarbonização com foco em soluções baseadas na natureza

Conferência da Fundação Repsol debateu estratégias para captura de CO₂ e implementação do mercado voluntário de carbono

Portugal reafirmou seu compromisso de atingir a neutralidade de carbono até 2045, e iniciativas voltadas para a redução e captura de CO2 desempenham um papel fundamental nessa meta. Em meio a esse cenário, a Fundação Repsol deu início ao ciclo de eventos do 2025 Open Room com a conferência “Rumo ao Net Zero: soluções baseadas na natureza para a captura de CO2”, realizada no Instituto Superior de Agronomia de Lisboa, em 26 de fevereiro.

O evento reuniu especialistas para debater o papel das soluções naturais no sequestro de carbono, incluindo projetos de reflorestamento e gestão de ecossistemas. Joaquim Reis, diretor da Fundação Repsol Portugal, destacou que a neutralidade tecnológica será crucial nessa jornada, assegurando que todas as tecnologias disponíveis sejam utilizadas. “Precisamos investir em pesquisa, políticas e práticas que apoiem essas estratégias, garantindo um futuro mais sustentável”, afirmou.

As discussões incluíram a apresentação “Uma Visão Abrangente das Soluções Baseadas na Natureza”, com Assunção Cristas, da Nova School of Law, e o “Projeto Sal C – Valorização das Salinas para o Sequestro de Carbono”, conduzido por Rui Santos, do BlueZ C Institute.

No primeiro painel, “As Diferentes Soluções Naturais para um Problema Global”, os participantes enfatizaram a importância dos agricultores e das florestas na captura de carbono. Álvaro Mendonça e Moura, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal, destacou que “os agricultores não são apenas parceiros, mas sim atores indispensáveis na proteção ambiental” e mencionou práticas como rotação de culturas e gestão de resíduos agrícolas. Já Paula Soares, do Centro de Estudos Florestais, ressaltou que “preservar florestas antigas é essencial, pois elas funcionam como grandes reservatórios de carbono”.

Outro ponto discutido foi o impacto das cidades no meio ambiente. Nuno Gaspar de Oliveira, da Natural Business Intelligence, apontou a necessidade de gestão eficiente das “infraestruturas verdes e azuis”, alertando que, enquanto “o carbono e a biodiversidade forem vistos apenas como custos, haverá dificuldades para avançar”. Já Ana Alexandre, do Centro de Ciências do Mar do Algarve, enfatizou o papel da ciência na preservação dos ecossistemas: “Apoiar a comunidade científica e investir em novas ferramentas são passos fundamentais”.

O segundo painel, “O Mercado Voluntário de Carbono Português”, discutiu as perspectivas para esse mecanismo no país. Rita Pereira, da Agência Portuguesa do Ambiente, destacou sua relevância para o setor florestal e informou que “a primeira metodologia deve entrar em consulta pública em março, e a plataforma de registro deve estar operando no segundo semestre de 2025”. Hélder Rodrigues, da ADENE, reforçou que a transparência será um dos pilares desse mercado. Norma Franco, da Ernst & Young, alertou sobre desafios regulatórios e a necessidade de estabilização das normas, enquanto José Sousa Uva, do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas, ressaltou que “grandes projetos precisam do envolvimento das empresas para serem viáveis a longo prazo”.

No encerramento, o Secretário de Estado do Meio Ambiente, Emídio Sousa, enviou uma mensagem reforçando a importância da colaboração entre governo, empresas, academia e sociedade para alcançar a neutralidade de carbono. Segundo ele, a Fundação Repsol tem um papel relevante nessa trajetória rumo à descarbonização.

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