Pesquisa mostra crescimento da relevância da sustentabilidade para o desenvolvimento do setor
“A realidade hoje é que as decisões sobre papel e embalagem não devem mais ser tomadas com base apenas em custo, funcionalidade e experiência do consumidor”, diz Daniela Carbinato, executiva da Bain & Company

De acordo com o primeiro Relatório Global sobre Papel e Embalagens da Bain & Company, uma consultoria global com escritórios em 40 países, 71% dos consumidores europeus afirmam querer comprar itens sustentáveis, enquanto a mesma porcentagem de consumidores dos Estados Unidos diz buscar produtos com o mínimo de embalagem possível.
Nesse sentido, os fabricantes de embalagens têm como principal objetivo desenvolver produtos cada vez mais sustentáveis e alinhados a uma economia circular. O estudo destaca que a maioria das empresas já assumiu compromissos públicos de ESG.
“A realidade hoje é que as decisões sobre papel e embalagem não devem mais ser tomadas com base apenas em custo, funcionalidade e experiência do consumidor. A sustentabilidade é um tema prioritário, em especial a descarbonização e a circularidade”, diz Daniela Carbinato, sócia e líder em ESG para Bens de Consumo nas Américas da Bain & Company.
Segundo dados da consultoria, o setor de embalagens tem potencial de crescer 21% e atingir US$ 1,2 bilhão nos próximos três anos, principalmente na categoria de papel rígido.
Nesse cenário, as metas de descarbonização também seguem crescendo. Entre 2019 e 2022, o número de empresas do setor comprometidas com metas de sustentabilidade baseadas na ciência se multiplicou exponencialmente – de cinco para 164. Contudo, cerca de 30% destas não atingiram suas metas de curto prazo de Escopo 1 e 2, enquanto cerca de 41%, deixou de alcançar seus objetivos de Escopo 3.
Como resultado do avanço das metas de sustentabilidade na indústria de papel e embalagens, de acordo com a pesquisa da Bain & Company, as empresas que investem nesse pilar chegam a observar um aumento de EBITDA de 4% a 6% por meio da redução eficaz de custos e alavancas comerciais. Além do potencial para diminuir os custos de energia e aumentar o acesso a matérias-primas recicladas ou renováveis a valores competitivos, esse tipo de estratégia estimula um crescimento orgânico e a realização de preços.
A consultoria ainda aponta que o setor de papel e embalagens tem um impacto significativo na biodiversidade, principalmente em relação à gestão florestal e à utilização da água. Apenas 22% das empresas do estudo relataram ter avaliado o impacto da sua cadeia de valor na biodiversidade e apenas 31% dizem promover ações para limitar a redução de biodiversidade.
Vale destacar que os negócios relacionados a papel têm sido mais lucrativos que os de plástico e vidro. Dessa forma, o grande volume de fusões e aquisições vem tanto de investidores estratégicos, que estão preenchendo lacunas em suas carteiras, quanto de participantes externos de private equity, que desejam gerar valor com novas aquisições.