Novos decretos e desafios para a reciclagem no Brasil
Por Pedro Vilas Boas, proprietário da Anguti Estatística e presidente da Associação dos Aparistas de Papel (ANAP)
O novo governo, recentemente, publicou os Decretos 11.413 e 11.414, que trazem mudanças na política nacional de resíduos sólidos e reciclagem no país. O primeiro decreto cria três novos certificados: o CCRLR, que é o Certificado de Crédito de Reciclagem de Logística Reversa; o CERE, que é o Certificado de Estruturação e Reciclagem de Embalagens em Geral; e o Certificado de Crédito de Massa Futura.
Já o segundo decreto institui o Programa Diogo de Sant’Ana pró-catadoras e pró-catadores para a reciclagem popular e o Comitê Interministerial para inclusão socioeconômica de catadoras e catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis.
Embora as medidas visem a inclusão social dos catadores independentes e cooperados, o mercado atual de reciclagem apresenta desafios significativos. Autoridades do setor público têm intimado os recicladores para explicarem o motivo de estarem pagando preços muito abaixo para as cooperativas.
A atual condição econômica tem provocado uma baixa remuneração para as cooperativas e os catadores independentes, desestimulando seu trabalho e ameaçando o cumprimento das metas previstas na Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Essas condições têm sido extremamente desafiadoras para os aparistas e gerenciadores de resíduos, que estão no meio da cadeia de reciclagem e têm que repassar as baixas para seus fornecedores. Apesar de alertarem que se trata do atual momento de mercado – que ameaça a sobrevivência do setor – a preocupação com a sustentabilidade das cooperativas de catadores e dos catadores independentes é crescente.
O mercado atual de reciclagem enfrenta grandes baixas nos preços das aparas de papel e outras matérias-primas, e a nova legislação pode ser uma oportunidade para repensar o sistema atual e buscar soluções mais eficazes e sustentáveis. É importante que haja um debate amplo e aberto sobre as medidas propostas, a fim de garantir que elas sejam eficazes para o setor de reciclagem e para o meio ambiente.
Este artigo reflete as opiniões do colunista e não do Nexum Group/Portal Packaging. O veículo não se responsabiliza pelas informações publicadas acima e/ou possíveis danos em decorrência delas.