NotíciasPackaging no Brasil

Normalização dos estoques deve acontecer a partir de 2024, apontam especialistas

Após um 2023 volátil e com excesso de estoques, que refletiu em uma demanda mais fraca para papel e celulose, o próximo ano indica o início de uma recuperação para o setor

Nos dias 8 e 9 de agosto, o Nexum Group acompanhou a 18ª Conferência de Produtos Florestais na América Latina da Fastmarkets RISI, que reuniu importantes players do setor de papel e celulose.

Na oportunidade, os palestrantes da Fastmarkets e os painéis de debate com executivos da indústria trouxeram importantes insights sobre as tendências para o mercado no próximo ano.

O cenário para 2023 permanece desafiador, com inflação e juros altos em um contexto global. Contudo, conforme apresentado por especialistas do mercado, o horizonte para 2024 indica o início de uma normalização e recuperação da relação de oferta e demanda, após um ano volátil e com excesso de estoques que refletiu em uma demanda mais fraca para papel e celulose.

No segmento de packaging, a expectativa é de alguma melhora a partir do segundo semestre de 2023, período tradicionalmente com maior consumo – com as compras de Black Friday e Natal, por exemplo –, além do período de colheita e exportação de alguns produtos agrícolas. Apesar desta tendência, o ano já apresenta um desempenho mais fraco para este setor, marcando o fim da demanda gerada pela pandemia de Covid-19.

Apesar do arrefecimento da busca por embalagens de papel, os players do mercado indicam que o principal motivo é a formação de estoques durante a pandemia, que estão sendo consumidos durante este ano, e que novos pedidos devem voltar a movimentar o setor a partir do ano que vem. A consolidação do e-commerce e do delivery também representam oportunidades para embalagens.

Nesse sentido, apesar dos shutdowns de fábricas, principalmente nos EUA, o mercado aponta que ainda há capacidades para atender a uma nova rodada de compras. Um dos motivos indicados por Ron Sasine, Principal na Hudson Windsor, para o desligamento de algumas operações é, além da competitividade de cada empresa, a longevidade de algumas máquinas mais antigas, que demandam custos altos de manutenção ou melhorias para continuar a operar. Diante disso, os desligamentos representam apenas ajustes no mercado, e não um cenário negativo.

Além disso, a queda no preço global de aparas representa um risco de escassez desse material. No mercado brasileiro, a queda do preço representa uma coleta mais fraca, devido a relação de custos para os catadores e cooperativas.

Há ainda a continuidade da tendência de substituição de plásticos e hábitos mais sustentáveis de consumo, suportados devido ao papel ser uma alternativa mais ecológica.

Nesse sentido, um dos desafios do setor de embalagens é desmistificar algumas percepções dos consumidores quanto à relação de sustentabilidade e produtos de papel.

Conforme a pesquisa global apresentada pela Two Sides, e realizada pela Toluna, ainda há uma maior preferência entre os consumidores pelas embalagens de papel dentro de diversos quesitos de avaliação. Contudo, conforme dados da pesquisa, cerca de 51% dos consumidores ainda acreditam que consumir produtos à base de papel contribui para o desmatamento – uma contradição que representa um dos principais desafios do setor, a educação do consumidor.

Adicionalmente, os desafios econômicos da América Latina representam outro fator que enfraquece o setor de embalagens, tendo em vista que é um segmento aquecido pelo consumo, portanto, com a baixa no poder de compra da população, o consumo é arrefecido e, logo, a demanda por embalagens para estes produtos cai.

Para acompanhar as movimentações do mercado de packaging, assine a nossa newsletter.

Mostrar mais

Bianca Machado

Bianca Machado é jornalista, pós-graduada em Gestão da Comunicação Digital e Mídias Sociais e desde 2021 escreve sobre os mercados de papel e celulose.
Botão Voltar ao topo