Multipacks de bebidas afetam mercado de papel cartão brasileiro
Atualmente, o prazo de entrega no mercado de cartões em geral pode chegar a até oito semanas, enquanto normalmente eram necessários de 5 a 15 dias

A substituição do plástico por papel em embalagens secundárias de bebidas é uma tendência crescente, e tem impulsionado uma mobilização entre as papeleiras brasileiras para garantir o suprimento de papel cartão no curto prazo.
O avanço do consumo desse material nesse período se dá em razão do crescimento do consumo de cerveja, com a proximidade do verão e da Copa do Mundo em novembro, que podem agravar o desequilíbrio entre oferta e demanda, apesar de ainda não se falar em risco da falta de embalagens.
Atualmente, o prazo de entrega no mercado de cartões em geral pode chegar a até oito semanas, enquanto normalmente eram necessários de 5 a 15 dias. A Klabin, maior fornecedora nacional, admitiu que os prazos foram ampliados, porém afirma que tem assegurado o abastecimento dos clientes.
De acordo com Flávio Deganutti, diretor do negócio de papéis da companhia, a produção de papel cartão utilizado em embalagens do tipo multipack tem sido complementada em máquinas que anteriormente estavam dedicadas a outros tipos de papel e ainda há espaço para avançar nessa estratégia. Segundo o executivo, “houve um acréscimo na demanda em um momento em que oferta ainda está limitada”.
Na Klabin, este mercado teve um crescimento expressivo comparado ao período pré-pandemia, na ordem de 17% – esse tipo de produto, que antes representava 3,5% do portfólio de cartões, alcançou 8,5%. Para Daganutti, o nicho do multipack deve continuar crescendo. “Hoje, a oferta tem controlado a demanda”, acrescentou o executivo.
Além disso, o mercado brasileiro de cerveja também tem apresentado um crescimento acelerado, o que afeta a cadeia. Na Heineken, por exemplo, metade das embalagens secundárias usadas nas bebidas em lata são em papel. A Ambev, por sua vez, usa papel cartão em várias de suas marcas, seguindo sua meta de sustentabilidade alinhada à economia circular, com objetivo de utilizar 100% de embalagens retornáveis ou que sejam feitas, majoritariamente, de conteúdo reciclado.
Na visão de Deganutti, a migração do plástico para o papel cartão começa a chegar ao mercado de refrigerantes também. Contudo, a partir do próximo ano, a oferta doméstica de cartão deve passar de limitada a superavitária, com o start-up da MP28 da Klabin, que terá capacidade de 460 mil toneladas/ano.
Sem considerar os cartões para líquidos (ou LPB, na sigla em inglês), o mercado brasileiro de papel cartão movimentou 630 mil toneladas no último ano.
A demanda do mercado tem chamado atenção de outras companhias, como a Papirus. De acordo com o copresidente e diretor comercial e de marketing, Amando Varella, clientes do setor de bens de consumo têm abordado a possibilidade de a empresa entrar no mercado de multipack, o que nunca havia sido pautado anteriormente. A empresa deve avaliar a possibilidade da produção desse tipo de embalagem.