Mesmo após fusão de gigantes de embalagens, Klabin deve seguir líder no mercado brasileiro
Enquanto a brasileira teve uma expedição de 957,1 mil toneladas em 2021, a combinação entre Smurfit Kappa e WestRock soma pouco mais da metade, com 557 mil toneladas

Nesta semana foi confirmada a criação de um novo gigante global de embalagens, proveniente da fusão entre Smurfit Kappa e WestRock, com receitas na ordem de US$ 34 bilhões e presença em 42 países. Contudo, apesar de assumir a liderança na América Latina, a Smurfit WestRock ainda não deve alcançar a líder do mercado brasileiro – a Klabin.
Conforme análise do Valor Econômico, considerando os últimos dados públicos por empresa no país (2021) a Klabin somou uma expedição de 957,1 mil toneladas de caixas, chapas e acessórios de papelão, enquanto a WestRock e a Smurfit Kappa, juntas, alcançaram cerca de 557 mil toneladas – pouco mais da metade do que a companhia brasileira. No total, para todo o segmento, foram 4,04 milhões de toneladas expedidas.
A Klabin é a maior recicladora e exportadora de papéis de embalagens do país e já era líder em caixas de papelão quando adquiriu os ativos de embalagens da International Paper (IP) no Brasil, em 2020. Após a transação, a empresa alcançou um market share de 24% no país, que segue altamente fragmentado e sujeito a novas rodadas de consolidação.
O segundo lugar no mercado brasileiro era ocupado pela WestRock, que expediu 399 mil toneladas de caixas, acessórios e chapas em 2021, segundo dados da Empapel. A Smurfit Kappa, por sua vez, estava tecnicamente empatada com a Irani Papel e Embalagem na sexta posição, somando cerca de 157,5 mil toneladas expedidas no ano.
Tanto a Klabin quanto a WestRock passaram por um período de grandes investimentos em expansão. A companhia brasileira, todavia, apresentou maior rapidez com o start-up da MP 27, do Projeto Puma II, em 2021. Assim, com a disponibilidade adicional de papel para as embalagens, a empresa anunciou o investimento estratégico em caixas e sacos, com uma nova fábrica anunciada para 2024, o Projeto de Figueira, de R$ 1,6 bilhão.
SMURFIT WESTROCK
A fusão entre Smurfit Kappa e WestRock – que na prática se dá com a compra da americana pela irlandesa – não indica motivações iniciais tão específicas quanto avançar no mercado brasileiro.
Vale ressaltar que a indústria nos Estados Unidos enfrenta um excesso de capacidade instalada, enquanto a Europa lida com uma demanda enfraquecida. Há ainda a crescente exportação de papéis a partir da Ásia, fragilizaram diferentes grupos, principalmente os não-integrados ou que não possuem uma base florestal.
Diante disso, os valores dos ativos caíram, intensificando as oportunidades para fusões e aquisições. Segundo fonte, a própria Klabin mantém diálogos com players internacionais.
“Já houve outras operações que trazem complementaridade de produtos e geografias, mas uma transação desse porte leva a um reequilíbrio de forças na cadeia de valor”, disse Alexandre Pierantoni, head de corporate finance da Kroll no Brasil. “Eventualmente, pode surgir espaço para desinvestimentos de ativos que se sobreponham, abrindo oportunidades para outros players”, acrescentou. Cabe citar a fábrica de Nova Campina (SP), que fazia parte dos ativos da IP e, após a aquisição da Klabin, foi revendida para a alemã Klingele Paper & Packaging.
A Smurfit WestRock é avaliada em US$ 20 bilhões, e terá ações negociadas na Bolsa de Nova York (Nyse), com listagem secundária na Bolsa de Londres, cerca de 100 mil funcionários, 500 unidades de conversão de embalagens e 67 fábricas.
O CEO da companhia irlandesa, Tony Smurfit, será diretor-presidente na nova empresa combinada, enquanto Irial Finan seguirá como presidente do conselho de administração. Combinadas, as companhias tiveram resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) anual ajustado de US$ 5,5 bilhões.
“Teremos ativos únicos em papel e embalagens, uma base de clientes robusta, sinergias significativas”, afirmou a empresa em nota.