Klabin prioriza redução de dívida e otimização de operações para os próximos anos
Após o maior ciclo de investimentos de sua história, a companhia foca na desalavancagem por meio de novos projetos, redução de custos e aumento da geração de caixa, com expectativa de retomada da produção de celulose no quarto trimestre
Após concluir o maior ciclo de investimentos de sua história, a Klabin está priorizando a redução da dívida nos próximos dois anos. A empresa pretende alcançar esse objetivo por meio da diminuição de custos e da aceleração de seus projetos em andamento, visando aumentar a geração de caixa.
O diretor-geral da companhia, Cristiano Teixeira, afirmou, em teleconferência com analistas, que a empresa permanece atenta às flutuações de demanda, mas destacou que isso não alterará a trajetória de desalavancagem: “Estamos atentos a questões de demanda, mas isso não mudará nossa trajetória de desalavancagem. É uma visão estrutural de longo prazo”.
No final de setembro, a dívida líquida da Klabin atingiu R$ 29,5 bilhões, um aumento em relação aos R$ 23,7 bilhões registrados em junho. Esse aumento foi atribuído ao pagamento de R$ 6,3 bilhões referentes ao Projeto Caetê. A alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e EBITDA subiu de 3,5 vezes para 4,1 vezes.
Para reforçar o compromisso com a redução da dívida, a empresa ajustou sua política de endividamento, reduzindo o limite de alavancagem durante os ciclos de investimento de 4,5 vezes para 3,9 vezes, e o prazo para permanecer no teto, de 24 meses para 12 meses.
Do ponto de vista operacional, os esforços da Klabin estão concentrados no avanço de suas novas operações em Ortigueira (PR) e Piracicaba (SP), além da busca por sinergias no Projeto Caetê, concluído em julho. O diretor financeiro e de relações com investidores da Klabin, Marcos Ivo, afirmou: “Todos esses projetos tratam de maior volume, acompanhados de benefícios no custo de caixa de produção”.
O Projeto Caetê permitiu à Klabin incorporar à sua base 150 mil hectares de terras, sendo 85 mil hectares de plantio de pinus e eucalipto, e 31,5 milhões de toneladas de madeira. A empresa estima que, a partir de 2025, o volume adicional de produção será de cerca de 200 mil toneladas. Além disso, a Klabin firmou um acordo com um fundo de investimento florestal, conhecido como Timo, que pode adicionar até R$ 2,7 bilhões ao caixa da companhia nos próximos meses.
A empresa também divulgou os resultados financeiros do terceiro trimestre. Entre julho e setembro, o lucro líquido alcançou R$ 729 milhões, marcando um aumento de quase 200% em relação ao mesmo período do ano anterior. As receitas somaram R$ 5 bilhões, o que representa um crescimento de 14% em comparação ao terceiro trimestre de 2023. O desempenho positivo foi impulsionado pelo crescimento nos segmentos de papéis e embalagens, especialmente o de papelão ondulado, apesar da queda nos volumes de celulose devido a paradas programadas para manutenção e problemas logísticos.
Para o quarto trimestre, a Klabin prevê uma retomada na produção de celulose, embora identifique um cenário de incerteza quanto aos estoques na China, o que pode resultar em uma leve queda no preço da fibra curta. Para a fibra longa, a companhia antecipa uma instabilidade nos preços entre outubro e dezembro, mas com expectativas de recuperação no ano seguinte.
Com o fechamento de capacidades produtivas previstas para o próximo ano, especialmente nos Estados Unidos, a Klabin acredita que haverá um aumento na demanda por celulose. Teixeira comentou: “Esse é um mercado em que apostamos no médio prazo. Temos nos preparado para futuros investimentos em Santa Catarina, mas isso não muda nossa trajetória de desalavancagem no momento”.
Contudo, a empresa enfrenta desafios logísticos e geopolíticos, especialmente nas operações de contêineres nos portos do Sul e Sudeste do Brasil, além da navegação em rotas marítimas importantes. Esses problemas devem persistir nos próximos meses. Marcos Ivo explicou: “Temos uma série de ações implementadas e já enxergamos uma melhoria marginal no fim do terceiro trimestre, mas é algo que demorará meses para ser completamente resolvido”.
A Klabin segue com sua estratégia de redução de dívida, ao mesmo tempo que se prepara para aumentar a eficiência operacional e aproveitar as oportunidades de mercado no médio e longo prazo.