NotíciasReportagem especial

Inovação e sustentabilidade sustentam crescimento do setor de embalagens de papel

Em entrevista ao Portal Packaging, o Embaixador José Carlos da Fonseca Jr., presidente-executivo da Empapel detalhou o panorama atual e perspectivas futuras do setor

O mercado de embalagens de papel funciona como uma referência para medir o desempenho de diversos outros setores, que utilizam as caixas de papelão para proteger, transportar e distribuir seus produtos. Com o baixo índice de desemprego e aumento da massa salarial em 2024, o setor de packaging observou um crescimento recorde no último ano, acima do registrado durante a pandemia de Covid-19 – período que vivenciou um boom no consumo de embalagens de papel. 

Em entrevista ao Portal Packaging, o Embaixador José Carlos da Fonseca Jr., presidente-executivo da Associação Brasileira de Embalagens em Papel, a Empapel, destacou os principais fatores que impulsionaram o setor no último ano e quais os resultados obtidos. Além disso, o executivo aborda sua visão para o futuro do setor e como as mudanças globais podem afetar o mercado brasileiro. 

Embaixador José Carlos da Fonseca Jr., presidente-executivo da Empapel (Foto: Divulgação/Empapel)

CRESCIMENTO DO SETOR DE EMBALAGENS DE PAPEL 

O último ano já apresentava uma perspectiva otimista desde seu início. Conforme dados da FGV/Ibre, a expectativa para o ano era de crescimento na casa dos 2%. Após uma “ressaca” em 2023, a recuperação do setor no pós-pandemia apresentou novos hábitos de consumo e tendências que mudaram toda a indústria de embalagens, como o crescimento das soluções à base de fibras em detrimento das feitas a partir de materiais fósseis.  

“O setor confirmou sua força e encerrou o ano passado com recorde de produção, superando a marca de 2021, ano de alta produção devido à pandemia. Ao todo, em 2024, foram 4.240.138 toneladas de caixas e acessórios de papelão ondulado expedidos, o que significa avanço de 4,9% em relação a 2023”, detalha o Embaixador. 

O presidente-executivo destacou a conjuntura do Brasil como fator que impulsionou os resultados do setor, afetando em especial o segmento de papelão ondulado, e ainda ressaltou a importância da tendência da sustentabilidade para este cenário. “Outro ponto que deve ser levado em consideração neste permanente avanço das embalagens de papel é o aumento da consciência ambiental da sociedade. Com origem renovável, biodegradáveis e altamente recicláveis, elas são alternativa natural a itens de origem fóssil. Uma embalagem de papel possui 45% de carbono estocado, que foi retirado da atmosfera em forma de gás, por meio da fotossíntese das árvores. Além disso, atualmente 64% das embalagens de papel são recicladas”, destacou Fonseca Jr.  

Fonte: Empapel

Para ele, vale ressaltar ainda as companhias souberam ler o cenário e antecipar este momento, podendo assim se preparar para atender a demanda crescente dos consumidores por papelão ondulado. “Desde 2019 foram R$17 bilhões investidos em florestas, novas fábricas e modernizações, o que permite atender ao cliente de maneira ágil e sustentável”, observa José Carlos.  

Apesar dos dados serem focados no segmento de papelão ondulado, o crescimento abrangeu todos os tipos de papéis para embalagem. No caso do papel cartão, de acordo com os dados da Ibá, 2024 apresentou alta de 6,8% no acumulado até novembro.  

PERSPECTIVA PARA 2025 

Segundo o Embaixador José Carlos da Fonseca Jr., considerando a parceria da Empapel com a FGV/Ibre desde 2005, que auxilia na obtenção de dados sobre o mercado, o panorama para este ano segue otimista. “Para 2025 a expectativa no cenário moderado é de crescimento de 4,1%”, declara o executivo. 

Essa visão é sustentada principalmente pelo viés de sustentabilidade no mercado de embalagens. “Pelo seu DNA de sustentabilidade, há uma avenida de oportunidades para as embalagens de papel. Cada vez mais versáteis e com mais tecnologia embarcada, o setor tem sido capaz de produzir embalagens adequadas para cada demanda e cada vez mais personalizadas”, aponta José Carlos 

“Trata-se de um processo de ‘descomoditização’ das embalagens de papel. Não são mais somente um item para meramente proteger ou transportar produtos, mas estão se tornando vetor de comunicação e agregando valor para as marcas”, acrescenta o executivo.  

Todavia, ainda existem desafios a enfrentar no setor, embora a indústria apresente uma visão inovadora para utilizar tecnologias de ponta em prol de seu crescimento.  

“Há desafios que estão sendo trabalhados pela própria indústria para tornar as embalagens de papel cada vez mais recicláveis. Por meio de pesquisa e aplicação de ciência, a nanocelulose tem se tornado uma realidade e estudos estão avançando para que possam ser incorporadas também em embalagens que tenham contato com alimentos e bebidas. Assim, um dos objetivos é eliminar a necessidade do uso de películas plásticas e de alumínio em barreiras para líquidos e gorduras, tornando o processo de reciclagem mais completa. Aqui trata-se de reciclabilidade, um conceito muito importante nos dias atuais: antes mesmo da produção da embalagem, desenhar um item que tornará menos custoso e mais fácil o processo de reciclagem”, explica o presidente-executivo da Empapel.  

Alinhado à visão da Empapel, os dados da Fastmarkets apontam para um crescimento de 4,3% na expedição de papelão ondulado em 2025. Segundo Rafael Barišauskas, economista na Fastmarkets para América Latina e professor de Economia na FECAP, “mesmo com a piora do humor do mercado em relação à economia brasileira, acreditamos que o PIB brasileiro continuará surpreendendo para cima, movido sobretudo pelo desempenho esperado para o agronegócio, que deve se beneficiar deste cenário de câmbio mais desvalorizado”. 

Foto: Fastmarkets

 

EMBALAGENS SUSTENTÁVEIS NO PANORAMA GLOBAL 

A Europa tem implementado diversas mudanças para promover embalagens mais sustentáveis, visando reduzir o impacto ambiental e fomentar a economia circular. Uma das principais iniciativas é o novo Regulamento Europeu sobre Embalagens e Resíduos de Embalagens (PPWR), que estabelece metas ambiciosas para a União Europeia. Além disso, o regulamento propõe a proibição de certos tipos de embalagens de uso único e incentiva o uso de soluções reutilizáveis e recicláveis. Estas mudanças devem afetar o panorama global de embalagens. 

O tratado global do plástico, que está em discussão na ONU, é um exemplo destas movimentações. O papel tem condições de substituir, de maneira sustentável – devido sua reciclabilidade e biodegradabilidade – os materiais fósseis. 

 “Acompanhamos atentos as principais movimentações globais, pois entendemos que o futuro do planeta exige ações urgentes e isso passa pelo consumo consciente, utilização das embalagens ambientalmente adequadas e com correto descarte. Este é um trabalho imprescindível, para as atuais gerações. Nesse contexto, as embalagens de papel encaixam-se perfeitamente devido a todos os seus atributos, e diferenciais citados anteriormente”, conclui o Embaixador José Carlos da Fonseca Jr.  

INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NO SETOR DE PACKAGING 

Tendo em vista este panorama, o setor de papéis para embalagem está aquecido, conforme a inovação avança em prol de desenvolver as soluções sustentáveis – bem como seus processos – para uma indústria cada vez mais verde.  

Com intuito de ser o novo ponto de encontro do setor de packaging no país, o Nexum Group organiza o Packaging Summit Brasil, único evento exclusivamente dedicado a essa indústria no país. 

A 2ª edição do evento acontece nesta terça-feira, 11 de fevereiro, no Hotel Tivoli Mofarrej, em São Paulo (SP), sob o tema “Inovação e Sustentabilidade” e reúne os principais players da indústria. Com uma conferência rica e programação diversificada, o evento busca fortalecer o setor e promover conexões, conhecimento, networking e bons negócios. 

Saiba mais no site: https://packagingsummit.com.br/  

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