Demanda por embalagens recua nos EUA
Em novembro de 2022, os preços das embalagens de papelão no país caíram pela primeira vez desde 2020

Ao redor do mundo, diversas fábricas que produzem papéis para embalagens estão reduzindo a produção, um sinal de desaceleração do comércio global. Segundo Ryan Fox, analista da Bloomberg Intelligence, empresas norte-americanas que fabricam a matéria-prima para caixas de papelão encerraram quase 1 milhão de toneladas de capacidade no terceiro trimestre de 2022, e espera-se um cenário semelhante para o quarto trimestre.
“A grande fraqueza na demanda global de caixas é uma indicação de quão fracas estão muitas partes da economia global”, disse Adam Josephson, analista do KeyBanc. “A história recente mostra que uma quantidade significativa de estímulo econômico seria necessária para fornecer uma demanda significativa de caixas, e não vemos isso chegando”, completou o executivo.
Em novembro do ano passado, os preços das embalagens de papelão nos EUA caíram pela primeira vez desde 2020. O maior país exportador do mundo relatou volumes 21% menores enviados ao exterior em outubro em relação ao ano anterior.
Nesse sentido, WestRock e Packaging Corp. anunciaram fechamentos de fábricas ou máquinas ociosas. A Klabin, maior exportadora de papéis para embalagens do Brasil, está considerando reduzir suas exportações em até 200 mil toneladas durante 2023, de acordo com o presidente Cristiano Teixeira. Isso é quase metade do volume exportado nos doze meses encerrados em setembro.
Grande parte da queda na demanda é atribuída ao efeito de contração da inflação nas carteiras dos consumidores. As empresas que produzem de tudo, desde produtos básicos de consumo até vestuário, estão se preparando para uma retração. A Procter & Gamble, por exemplo, aumentou várias vezes os preços de produtos como fraldas Pampers e sabão em pó Tide para compensar despesas mais altas, alimentando o primeiro declínio trimestral da empresa em vendas unitárias desde 2016, no início de 2022.
Varejistas dos EUA deram grandes descontos na Black Friday na esperança de eliminar o excesso de estoque, mas os compradores responderam com apenas um tráfego modesto e as vendas caíram em novembro, a maior queda em quase um ano. Além disso, o crescimento meteórico do comércio eletrônico — um ávido usuário de caixas de papelão — recuou.
A demanda fraca também está atingindo a celulose, a matéria-prima do papel. A maior exportadora global Suzano anunciou recentemente um corte de preço de sua celulose de eucalipto na China, a primeira queda desde o final de 2021. A demanda europeia está diminuindo e uma recuperação há muito esperada na China ainda não se materializou, como aponta Gabriel Fernandez Azzato, diretor de consultoria empresa TTOBMA.