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Bonet faz acordo de mais de R$ 800 milhões para renegociar dívidas

A fabricante de papel cartão chegou a um acordo com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) referente a passivos tributários e previdenciários

A fabricante de papel cartão Bonet Madeiras e Papéis realizou a maior renegociação de dívidas federais do Sul do país, ao chegar a um acordo de mais de R$ 800 milhões com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), referente a passivos tributários e previdenciários. A negociação contempla o abatimento de 72% da dívida federal e pagamento do valor remanescente pelos próximos dez anos.

Após meses de análise de centenas de certificados de dívida ativa, a empresa catarinense chegou a este acordo que possibilita que a família controladora e o conselho voltem a avaliar oportunidades de investimento, um potencial M&A (fusão e aquisição) ou até uma eventual venda de ativo.

Há cerca de vinte anos, a Bonet quase foi vendida para a Ibema – que hoje tem a Suzano como sócia – e já se aproximou de encerrar suas operações em diferentes ocasiões.

“Mesmo com uma dívida impagável, a Bonet conseguiu se posicionar no mercado. Mas os planos em relação a investimentos e potenciais parcerias diretas sempre esbarravam nela. A partir da homologação do acordo, podemos voltar a avaliar todas as possibilidades”, declarou Paulo Bonet, diretor-presidente da companhia, ao Valor Econômico. “Neste momento, a intenção é reinvestir e crescer”.

Os esforços de assumir a gestão da empresa familiar e “tentar salvar alguma coisa” partiram de Paulo, há 18 anos. Em 2019, por exemplo, o executivo arrematou em pessoa física a fábrica de Santa Cecília, no planalto catarinense, após ir a leilão.

O caso de endividamento da Bonet completou 80 anos em 2023, e era observado com descrença pelo mercado de papel e celulose. Agora, segundo uma fonte ouvida pelo Valor, caso houver decisão de venda, poderia haver interesse de diferentes nomes da indústria nas florestas da companhia, já que há um déficit de madeira que afeta todo o setor. Segundo a fonte, a Klabin seria uma das interessadas, mas a produtora de papéis e embalagens não comentou.

“Sempre olhei para a Bonet como uma pequena florestal bem organizada. É um circuito pequeno, mas estruturado” afirmou Paulo, sobre a área de 24 mil hectares em que cultiva seus 12 mil hectares de plantio efetivo.

Em 2022, a organização produziu mais de 38 mil toneladas de papel cartão na fábrica de Timbó Grande (SC), com faturamento de R$ 240 milhões – alta de quase 90% frente a 2021.

Diante desse cenário, a empresa espera um crescimento de até 150% nos próximos três anos, refletindo iniciativas como a fabricação 100% verticalizada de copos biodegradáveis, que está perto de se concretizar.

Além disso, o grupo possui quatro pequenas centrais hidrelétricas (PCH) com potência de 5,8 megawatts (MW) que garantem sua autossuficiência e ainda possuem potencial para crescer em mais 8 MW.

Antes do acordo, a companhia teve 100% de sua base florestal dada em caução e, durante seis meses de 2017, teve de conviver com o bloqueio do faturamento das dez maiores contas da empresa, entre outras adversidades. Quando o atual diretor-presidente assumiu, a organização tinha dívidas tributárias na ordem de R$ 700 milhões, além de passivos previdenciários e com fornecedores. Segundo Bonet, ainda há pendências com fornecedores, mas 94% já foi repactuado.

O executivo agora vai se tornar, oficialmente, um dos acionistas. “Não temos um plano de sucessão no momento. Agora é entender como podem nos ver e que prioridades vamos assumir”.

A fabricante de cartão ainda possui arestas a serem aparadas em sua estrutura, além da necessidade de conciliar interesses, na prática, de 11 sócios. “A diferença foi que apostamos em sustentabilidade e evitamos que nossa estrutura se tornasse obsoleta”, finalizou Paulo.

Fonte
Valor Econômico
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