Barreiras em papel cartão: o caminho rumo à sustentabilidade
Soluções à base de papel avançam como alternativa às embalagens plásticas, conciliando proteção ao produto e viabilidade na reciclagem

A busca por embalagens mais sustentáveis tem se intensificado nos últimos anos, impulsionada por consumidores mais conscientes, legislações ambientais mais rígidas e metas globais de redução de resíduos. Nesse cenário, o papel cartão vem ganhando protagonismo como alternativa viável, principalmente por sua origem renovável e maior reciclabilidade. No entanto, para atender às exigências de conservação e proteção de produtos — especialmente no segmento alimentício —, é importante que esse material incorpore barreiras que não comprometam sua capacidade de ser reciclado.
É justamente essa necessidade que tem impulsionado a evolução das barreiras, em substituição às estruturas plásticas tradicionais que dificultam o reaproveitamento do material. Um dos pontos-chave nesse avanço é a repolpabilidade do material, ou seja, a sua capacidade de retornar ao processo de reciclagem e de ser transformado novamente em papel.
Barreiras tradicionais baseadas em camadas plásticas dificultam esse processo, criando um obstáculo para a economia circular. Já as resinas com menor teor fóssil facilitam a repolpagem, permitindo que o papel cartão seja reaproveitado com mais eficiência.
Na Europa, por exemplo, esse movimento já é uma realidade. Marcas líderes e grandes redes varejistas possuem embalagens com estruturas monomateriais e barreiras sustentáveis em seus portfólios. Incentivadas por políticas públicas, regulamentações ambientais mais rigorosas e uma sociedade engajada, as empresas europeias têm apostado em soluções tecnológicas avançadas. Por lá, já se observa a substituição em larga escala de embalagens plásticas por alternativas baseadas em papel cartão com barreiras — uma transição que deixa de ser tendência para se tornar padrão de mercado.
O Brasil, por outro lado, ainda caminha lentamente nesse processo. Ainda há uma predominância de barreiras baseadas em resinas fósseis, embora algumas empresas brasileiras estejam avançando no uso de resinas com menor percentual de origem fóssil, com bons resultados em termos de biodegradabilidade e repolpabilidade.
O futuro, porém, aponta para um caminho inevitável: embalagens compostas por papel cartão com barreiras sustentáveis deverão se tornar o novo padrão global. Nesse contexto, o Brasil precisa acelerar sua adaptação. As barreiras feitas com resinas de base 100% vegetal, embora ainda não viáveis em escala industrial, representam a fronteira de inovação que ditará o ritmo dos próximos anos.
Enquanto isso, soluções com resinas com baixo percentual de origem fóssil são uma alternativa viável e de transição. Esse modelo permite a produção de embalagens com ótimo desempenho funcional, menor impacto ambiental e, sobretudo, maior integração aos processos de reciclagem. Ou seja, embalagens que protegem bem o produto, mas que também voltam com facilidade ao ciclo de vida do papel, mantendo viva a lógica da economia circular.
Com a transformação já em curso no exterior, o avanço também começa a se intensificar no Brasil. Um exemplo é a Papirus, que tem investido em pesquisas e equipamentos para a aplicação de barreiras químicas nos cartões, de modo que, em alguns casos, possam substituir o plástico. O desafio da empresa é integrar toda a cadeia de fornecedores para disponibilizar uma solução completa e oferecê-la em larga escala.
A inovação em barreiras para papel cartão não é mais uma possibilidade futura: é uma exigência presente. O Brasil deve se preparar para não apenas acompanhar, mas contribuir com protagonismo nesse novo capítulo da indústria de embalagens.