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A importância do design de embalagens na economia circular

Por Amando Varella, Co-CEO e diretor de Marketing e Comercial da Papirus

Pensar e agir em prol de economia circular tornou-se imperioso no momento que o mundo todo fala na necessidade de se reduzir a quantidade de resíduos, de reciclá-los, reaproveitá-los e, desta forma, conter as emissões de carbono. Mas quando uma pessoa pensa em economia circular, qual é a primeira ideia que lhe vêm à mente? Provavelmente, o processo de reciclagem e reaproveitamento de produtos. O conceito da economia circular, contudo, vai muito além do modelo linear tradicional de “extrair, produzir, descartar”. Um ciclo de vida efetivamente sustentável para os produtos deve se iniciar no processo de criação do produto, incluindo a matéria-prima que utiliza, passando pela produção, distribuição até o consumo, descarte e reaproveitamento.

E é nesse contexto que, no setor de embalagens, ganha cada vez mais relevância o design de produtos como fator essencial para se promover o ciclo da economia circular em todas as etapas da cadeia de valor. Afinal, como criar um produto sustentável se a concepção do mesmo não for pensada, desde o início, sob o princípio da sustentabilidade?

Uma das estratégias-chave no design para a economia circular é pensar, desde o início da concepção da embalagem, como será a sua desmontagem, ao final de sua vida útil, de modo a facilitar a separação dos materiais e componentes para reutilização, reciclagem ou compostagem. A desmontagem eficiente reduz o desperdício e permite que os materiais retornem ao ciclo produtivo, alinhando-se aos princípios da economia circular.

É partindo deste princípio que o Programa Papirus Circular atua, incentivando a reciclagem do papel pós-consumo e desenvolvendo um modelo que transformará estas aparas em novos papéis e, ao final, ajudará os brand owners a gerarem créditos de reciclagem a partir desse processo de economia circular.

Para estimular essa circularidade, a Papirus trabalha também apoiando as gráficas e as marcas na criação das embalagens, na definição de um design que permitirá atender as necessidades dos consumidores e das marcas e, ao mesmo tempo, dar sua contribuição para o meio ambiente, a circularidade da economia e para toda a cadeia que atua na reciclagem de materiais.

E ser compatível com a economia circular, pressupõe que a criação do design considere aspectos como a substituição de materiais não renováveis por alternativas mais sustentáveis, o uso de técnicas de fabricação de baixo impacto ambiental e a incorporação de princípio de desmontagem, projetando os produtos de maneira que possam ser facilmente separados.

Para que este movimento seja eficaz, deve-se estudar detalhadamente a cadeia do produto, compreendendo as necessidades de cada etapa. Entre elas, a de que a embalagem deve ser fácil e econômica de fabricar e proteger o produto de danos durante a distribuição, mas de forma racional e eficiente em termos de uso de materiais. Além disso, o produto deve ser funcional e simples de usar para o consumidor final e, finalmente, ser fácil de reciclar, minimizando a complexidade de materiais.

Um dos princípios fundamentais do design de embalagens na economia circular é a simplificação dos materiais – preferindo o uso de mono materiais (materiais únicos). Embalagens feitas de um único tipo de polímero são muito mais fáceis de reciclar do que aquelas compostas por múltiplos materiais.

Nas embalagens de papel cartão com conteúdo reciclado, é importante observar que, embora este conteúdo aumente a gramatura, ele retira resíduo do meio ambiente.

Da mesma forma, é preciso avaliar e evitar o uso de corantes e aditivos que podem transformar uma embalagem potencialmente reciclável em um problema ambiental. É o caso, por exemplo, de um polímero que chega ao fim de sua vida útil tingido de preto ou de corantes intensos que podem reduzir drasticamente a reutilização do produto, como se verifica, muitas vezes, em produtos de baixo valor, como os sacos de lixo. Portanto, a escolha de materiais e aditivos deve ser feita com extrema cautela, priorizando a reciclabilidade e a reusabilidade.

No Brasil, os maiores escritórios de design possuem o conhecimento necessário para implementar esses princípios de sustentabilidade no design de embalagens. No entanto, ainda há um extenso caminho a ser percorrido para que essas práticas se tornem a norma no ponto de venda. A conscientização da sociedade sobre a importância da economia circular é crescente, mas a demanda por embalagens sustentáveis precisa se traduzir em ação concreta e na sua ampla adoção por parte das empresas.

Não resta dúvida, portanto, sobre a importância do design na transição para uma economia circular. Ao focar neste conceito e no aumento da reciclabilidade, designers podem criar embalagens que não só atendem às necessidades de produção, distribuição e consumo, mas também contribuem para a sustentabilidade ambiental. No Brasil, a adoção dessas práticas está em ascensão, seguindo um movimento que já se consolidou, por exemplo, na Europa, e é crucial que essa tendência se difunda para que possamos alcançar um futuro mais sustentável e circular.

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Amando Varella

Amando Varella é Co-CEO e Diretor Comercial e de Marketing da Papirus. Com 36 anos de experiência no setor de Papel e Celulose, nas áreas de marketing e comercial, o executivo atua na Papirus desde 2006. É engenheiro mecânico pela Escola de Engenharia Mauá, bacharel em Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie e pós-graduado em Marketing pela ESPM.
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