“2024 deve ser desafiador, mas ligeiramente mais positivo do que foi 2023”, avalia economista da Fastmarkets
Em entrevista ao Portal Packaging, Rafael Barišauskas, economista na Fastmarkets, indicou quais os principais desafios enfrentados neste ano e as expectativas para o ano vindouro

O ano de 2023 tem sido extremamente desafiador para o mercado de embalagens de papel. Em um ambiente macroeconômico, o setor observou uma demanda mais fraca, resultante dos estoques gerados durante a pandemia e que desaceleraram a crescente observada nos últimos anos. Conforme o economista na Fastmarkets para América Latina, Rafael Barišauskas, o balanço entre a oferta e a demanda foi, de forma geral, “relativamente folgado”, o que pressionou a lucratividade na indústria.
Em entrevista exclusiva ao Portal Packaging, o economista ressaltou que esse tipo de problema costuma acarretar o fechamento de capacidades. “Não apenas vimos fechamentos acontecendo no Brasil, mas também nos Estados Unidos, e esse tipo de problema acontece justamente quando as margens dos negócios não estão saudáveis para quem os conduz”, explicou.
Segundo Barišauskas, no lado da demanda, o consumo nas principais economias decepcionou bastante, com taxa de inflação mais persistentes do que os bancos centrais anteriormente previam, tanto em países desenvolvidos quanto nos latino-americanos.
“Os consumidores ‘puxaram o freio de mão’ na hora do consumo, diante de uma maior dívida pessoal, ou um maior nível de endividamento das famílias, sobretudo após a retirada dos estímulos artificiais de demanda iniciados durante a pandemia e que se estenderam entre 2020 e 2022”, indicou Rafael.
Na oferta, por sua vez, o setor teve um aumento global de capacidade em papéis corrugados e papel cartão nos últimos três anos, com projetos atingindo, agora, seus picos de maturação. Dessa forma, ao comparar as duas variáveis, obtém-se um maior desequilíbrio no setor. Mesmo com o segundo semestre sendo um período mais favorável ao consumo, Rafael acredita que não será suficiente para compensar o desempenho fraco registrado anteriormente.
“Os números preliminares de desempenho da indústria mostram o segundo semestre de 2023 com uma melhora marginal em relação ao primeiro semestre do ano. Vimos um aumento sazonal da demanda, mas essa melhora não foi a suficiente para ultrapassar os níveis de 2021 e 2022”, avaliou o economista. Segundo ele, o desempenho do segundo semestre – ainda que resultados precisem ser divulgados – não deve ser o suficiente para reverter essa tendência de queda no consumo de papéis para embalagem em 2023, comparado a 2022.
PERSPECTIVAS PARA 2024
De acordo com Barišauskas, 2023 foi um ano de ajustes, principalmente em termos de demanda. Diante desse contexto, a expectativa para 2024 é relativamente mais otimista, embora os estoques da indústria de embalagens ainda façam parte do cenário – mas com expectativa de alcançar um nível considerado normal ou saudável, frente às projeções de consumo.
“Em 2024 esperamos uma melhora do consumo, principalmente nos mercados desenvolvidos e essa melhora deve contagiar os mercados latino-americanos, sobretudo diante de um cenário de inflação global mais baixa e menor nível de endividamento das famílias”, considerou o economista.
Além disso, na esteira da oferta, Rafael ressalta que não são esperadas novas adições. “Demos ver pouquíssimo incremento de capacidade de embalagens para o próximo ano – seja de corrugados ou de cartão –, o que deve favorecer um balanço um pouco mais equilibrado do que foi 2023”, ressaltou, lembrando que o balanço ainda deve estar “folgado” ante os anos de 2021 e 2022.
“Ainda que [a relação entre oferta e demanda] melhore, não devemos retornar aos níveis vistos durante a pandemia. Ou seja, na minha opinião, ainda se trata de um ano bastante desafiador para o mercado de embalagens, mas que deve ser ligeiramente mais positivo do que foi 2023”, finalizou o economista.
Confira a entrevista na íntegra: